quinta-feira, 11 de julho de 2013

solto a respiração



campos amarelos estendidos
sob o sol...
o rio tranquilo,
parado, reflectido no azul
do céu.
sinto os pés dormentes
o olhar cansado,
o sol cai a pino,
tudo é solidão,
mas não sai dali meu olhar
solto a respiração,
foi-se a primavera...
irrequieta esta minha condição,
a de relembrar.

olho a seara
e meu coração não pára,
os pássaros cortejam as fêmeas
e eu olho,
olho com olhos de ver,
agora me parece ter
sido noutra vida,
ergue-se a saudade como um rio
e tudo me traz o passado
de fio a pavio.

meu olhar paira sobre a seara amarela
e é visível a emoção
que é difícil de gerir,
e apesar do tempo, continuo a sentir
o bater do coração,
tão ritmado como o bater das ondas.
procuro trazer recordações para fora
de mim,
dentro do coração contínuamente,
vindas dum tempo distante.
o sol brilha intensamente!
e há um pesado cansaço
mas a vida abraço
e sigo adiante.

natalia nuno
rosafogo






segunda-feira, 8 de julho de 2013

momento único


por hoje basta de solidão...
quero viver com sofreguidão.

misterioso é esse além...

agora o sol brilha
há no ar o cheiro a flor,
um livro para ler, há amor,
ainda que cem anos viva
não haverá mais a embriaguês
deste momento
esqueço a solidão, a cor cinzenta
um banco de jardim, espera por mim
e me oferece um poema que inventa.

ah...mas eu sei!
que logo surgirá a solidão
nesse misterioso além...
e logo me fará vacilar,
ao encarar o espelho do infortúnio
que não reconhece mais
meu olhar

misterioso é esse além...
 as lembranças então se terão esvaído,
o pensamento de loucura acometido,
é que hoje, repousa o sol nos meus olhos,
tudo é pretexto para sorrir
sou como narciso embriagado
há excesso de ternura a encher-me o peito
bate o coração desordenado
e eu quero pouco mais que nada
amar e ser amada...