palavras escritas com o coração, em qualquer verso está vazada a saudade poética que a memória canta. A fascinação pelo campo, o idílio das águas, a inquietação o sonho, a ternura o desencanto e a luz, toda uma bagagem poética donde sobressai o sentimento saudade... motivo predilecto da poeta. visite-me também em: http://flortriste1943.blogs.sapo.pt/
quinta-feira, 4 de julho de 2013
as mulheres de então...
posso ainda ouvir o dobrar do sino
e o silêncio das mulheres
que rezam... ao divino,
pelas sombras da sua vida
que só Ele pode iluminar
a sede e a fome mitigar.
no céu resiste a estrela
avistada pelos magos
e na tigela restam do
arroz já poucos bagos.
a vida
repetida
a fragilidade a resistir
e o sino ecoa
à mesma hora todos os dias
a persistir,
chamando à reza... que Deus não perdoa.
assim se vive contente
no meio da tristeza
na certeza
permanente,
que não vai mudar nunca.
eram as mulheres da minha aldeia
sempre adultas na idade
sempre de barriga cheia
filhos eram a novidade.
sucedem-se os dias sem suspeitar
que pouco mais dela sobra,
assim passa a vida
enquanto o tempo dobra e desdobra.
mais tarde fortaleza esquecida
esmorecida, cansada,
afinal pouco mais que nada.
Ave à sua sorte abandonada...
natalia nuno
rosafogo
poema dedicado às mulheres da geração anterior à minha.
segunda-feira, 1 de julho de 2013
poema por nascer
hoje estou assim
este poema nem sabe se vai nascer
quer precipitar-se para fora de mim
e a minha alma cada vez mais desejosa
dum desejo ilimitado...
ah-...mas ainda não é hora
hora do poema acabado,
acabado, tímido, envergonhado,
com olheiras de agitação
vai renascendo
das paredes do meu coração
anda o poema dum lado para o outro
sussurra-me ao ouvido
apressado para nascer
mas não sabe, nem vai saber!
admiro-lhe a persistência, a audácia
e a presunção
ele, é meu desejo insatisfeito
prendo meus cabelos negros
deixo-o a morrer de paixão
dentro do peito.
natalia nuno
rosafogo