palavras escritas com o coração, em qualquer verso está vazada a saudade poética que a memória canta. A fascinação pelo campo, o idílio das águas, a inquietação o sonho, a ternura o desencanto e a luz, toda uma bagagem poética donde sobressai o sentimento saudade... motivo predilecto da poeta. visite-me também em: http://flortriste1943.blogs.sapo.pt/
sábado, 2 de fevereiro de 2013
como escapar?
como escapar?
o fundo é negro de carvão
tenho a certeza que o dia morreu
morreu... e chegou a escuridão,
todos os meus dias morrem
duma forma atroz
nada se alterou...nem minha voz!
ninguém se interessou...
ninguém fez grande alarido
só em meu peito ferido,
a ferida não fechou.
Santo Deus, como passou depressa,
trocando-me as voltas,
para viver precisei folhear
folhas soltas
do passado...
posso pôr-me a recordar
sem deixar de ser a que sou,
o caminho não mudou
é apenas atalhado.
morreu o dia num trémulo rasgão
deixou em mim
uma febre de solidão.
á procura de sonhos nas saudades
perdidas
nas horas espremidas
p'la ansiedade,
mas acolhida
p'la saudade molhada
de bondade.
solidão é feita do cansaço
de não ver
o que me arrasta e não me deixa voltar,
inquieta tortura de não ter
como escapar
às malhas deste dia a morrer.
natalia nuno
rosafogo
COMENTÁRIO QUE NÃO QUERO DEIXAR DE PARTILHAR, do amigo BEIJA FLOR, feito
a este meu poema.
Olá Natália
A vida pode rasgar entranhas
Maior que sejam as façanhas
Mais altas que as montanhas
Em que as dores são tamanhas!
Alma arrebatada pela dor
Ao mundo mostrar vigor
Nas palavras, todo o calor
Na essência, exibem valor!
Mas no lamber dessas feridas
Ao mundo deste outras vidas
Por mais que cortem a razão
São vida, nesse grande coração!
Levantai-vos forças do universo
Em volta de todo o vosso louvor
Cuja vida se completa em verso
E sempre germinados com amor!
POETA BEIJA FLOR
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013
lembranças miúdas VI
pequena prosa poética
Escrevo a saudade de mil maneiras, ela é explosão em mim, é raio de sol para a minha alma, cura para a minha loucura, saciedade para o coração, flauta para os sentidos, frescura e ternura para os dias que passam, saudade é o reconciliar com este tempo outonal onde os sonhos são pássaros a balouçar-se nas sombras da tarde e o vento passa por eles com sua música melódica, como a lembrar o tema preferido para a minha poesia.
Saudade...encosto a cabeça á vidraça e meu olhar se embebeda, preso no fio da tarde no restinho de luz no horizonte, enquanto a memória se fixa num tempo de perfumes, sol e borboletas, as lonjuras tornam-se presentes e as meninas dos meus olhos abraçam a trança negra, como noite sem lua e só eu vejo! só eu vejo! O mundo continua a girar, haverá lutas paixões e felicidade, desgraças e tormentos e meus dias continuarão, comigo a sonhar acordada, quase sempre iguais, monótonos, embora de quando em quando ainda com a alegria estampada no rosto, com uma ou outra ideia tola, meu coração ainda se enternece com a alegria de viver. Páro diante do espelho e miro-me nele, comparo-me mentalmente com a figura feminina, graciosa de pele delicada, vestida de vermelho, e fico assustada, perdi a noção do tempo e de tudo aquilo que jamais se pode reaver.
Só eu sei do momento em que as estrelas olham a terra e os pássaros dormitam nos ramos...
Esta é a minha saudade...sem fim...saudades de mim.
natalia nuno
rosafogo
imag- net
papoila
na boca um sorriso matreiro
papoila teimosa a resistir
aguenta com firmeza
sem ceder,
o tempo vai voando...
quem pode domar
esta papoila sempre pronta
a despontar?
no recondito do seu peito
há sempre emoção,
lágrimas deslizam em surdina
pura é a comoção,
das lembranças de menina.
uma dor brota das entranhas
e as saudades são tamanhas...
a vida não a vai quebrar!
há-de ser, há-de abraçar
outra primavera a chegar.
sempre li nas entrelinhas
que a alma aos poucos me roubaria
confirma-se o que o coração já sabia,
hoje... levo saudades minhas.
natalia nuno
rosafogo
ima-net
quinta-feira, 31 de janeiro de 2013
força de querer
anda em mim a força da tempestade
quem ousará querer parar-me?
sou corrente, comigo levo vontade...
e é na poesia que vou libertar-me.
nada nem ninguém impede de seguir,
meu caminho tem nome de liberdade
porque parar é morrer...é desistir!
acolho a esperança, sigo com saudade.
minha vida é longa carta aberta!
repleta de palavras mal rabiscadas
no silêncio da noite a alma se liberta
resta-me o jeito de semear e de colher,
palavras com aromas de madrugadas...
e abraçar-me ao tempo que resta viver...
natalia nuno
rosafogo
imag- net
quarta-feira, 30 de janeiro de 2013
Poesia...
A poesia refugia-se
na alma do Poeta
exilando-se da realidade,
fechada num perfume suave
com o odor da saudade.
Não há raio de luar
que não lhe toque,
nem estrela que por ela não chame
não há lábios que não a beijem
nem coração que não a ame.
Por milagre renasce a qualquer hora,
lava-se na aurora,
sonha com amor à sua espera,
Poesia...
no inverno ou primavera,
na alma do poeta tem guarida
e no coração é,
paixão desmedida.
Caminha por jardim escuro,
chora na terra orvalhada
o seu destino é duro
em teias anda enredada.
Toda ela ânsia e quimera,
aparece nos dedos a florescer
toda ela primavera
morrendo ao entardecer.
Vive em quem tem pressa de viver
é bálsamo da solidão
lê-se na face duma mulher
é mágoa e aflição...
tem penas e tem queixumes
amor, ciumes,
tem riso e atitude louca,
deixa-nos seu sabor amargo na boca...
É jardim com tudo que semeei
encruzilhada do caminho,
onde me perdi e me encontrei.
natalia nuno
rosafogo
imagem da net
domingo, 27 de janeiro de 2013
LEMBRANÇAS AMADAS
Sou livro aberto onde me exponho
num vai-vém de palavras escritas,
numa azáfama de sonho após sonho,
poesias á noite rubis,
de dia diamantes,
ou simples pedritas
desesperadas... ou fulgurantes.
Assim porque Deus quiz:
Impregnadas de mistério, saudosas,
tristes como noite de melancolia,
com olor a rosas,
aromatizam o meu dia.
Inferno, céu, estrelas miudinhas,
molham-me os olhos
de saudades minhas.
Nesta procissão de horas,
inspiro-me na natureza e me embriago,
lembranças surgem sem demoras,
sedenta de vida as afago.
Rebusco na memória cansada,
imagens que já me fogem como
pássaros assustados,
e é tão longo o esquecimento,
a alma desbotada,
os sonhos de ilusões esfarrapados.
Este fio de ouro que me prende
ao longuínquo «dantes»,
não o quero por nada perder,
é brilho, é festa ainda em mim
a arder,
teia me enreda sem desprender.
Sobre este livro já lido,
estes pequenos nadas...
são como sopros de vida
sentidos!
São lembranças amadas.
rosafogo
natalia nuno
imag-net