palavras escritas com o coração, em qualquer verso está vazada a saudade poética que a memória canta. A fascinação pelo campo, o idílio das águas, a inquietação o sonho, a ternura o desencanto e a luz, toda uma bagagem poética donde sobressai o sentimento saudade... motivo predilecto da poeta. visite-me também em: http://flortriste1943.blogs.sapo.pt/
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
desafio o silêncio...
nenhum rumor na casa quieta
até o relógio parou
o gato ronrona no borralho
e a chuva amainou,
receio que este silêncio
me traga abatimento,
coisas que me doem,
algum desalento,
como as fagulhas da lareira
prestes a apagarem-se.
entrego-me à melancolia
são felizes estas horas?
Infelizes?
Sempre a mesma indagação
dia após dia
mas o coração
não se apavora,
arranca o desespero
e o rítmo parece restabelecido
e eu encaro o silêncio
e o desafio nele contido.
natalia nuno
rosafogo
imagem da net
terça-feira, 20 de novembro de 2012
horas maduras....
fui fortaleza cercada
e defendida
agora um pouco rendida
sem defesa, sobre destroços
repousada.
trago meu espírito livre
para a poesia,
a minha raiz de árvore seca
ainda a resistir dia após dia.
passaram por mim os dias
onde avultavam flores
e amores
silvas e amoras...
são agora as horas
maduras de melancolias.
assim vou matutando
entre alegria e tristeza
afugentando
a última com delicadeza.
deixo correr o pensamento
e o espírito se alheia,
é a saudade alimento
e a vida torna-se menos feia.
no coração da menina da aldeia?
a felicidade não corre perigo!
o sonho é o melhor amigo.
dentro das minhas muralhas
ainda há solidez
resisto aos caprichos do tempo
fico-me na pacatez,
e deixo-me levar
como floco de espuma
na correnteza... p'lo mar!
rosafogo
natalia nuno
domingo, 18 de novembro de 2012
a vida passa-nos à porta...
meus olhos estão tristes
e frios,
olhando imóveis o azul
cinzento escuro do céu.
meus dias sombrios,
sem alento,
neste mundo absurdo
sem esperanças nem ilusões,
mundo que tudo esqueceu,
e leva aos trambolhões.
tremem as flores nascidas
nas bermas,
sob o assalto do vento perseguidas
em solidão,
ermas,
algumas nuvens desgrenhadas,
parecendo brincar às guerras
e aos generais
sobre a terra curvadas,
prontas a desabar em tempestade,
no meu olhar triste a saudade,
de onde não sai jamais.
sobre a vidraça escorrem lágrimas,
na rua a lama substitui a poeira,
encheu-se a ribeira,
tudo é agora cinzento, a água e o céu.
os retratos continuam pendurados
nas paredes, sombrios
meus olhos continuam tristes e frios
fatigados,
os sonhos parados,
escrevo junto dum quebra luz
da mesinha de cabeceira,
onde a saudade é verdadeira,
e uma lágrima dolorosa,
cai ardente e orgulhosa...
natalia nuno
rosafogo
imagem da net