palavras escritas com o coração, em qualquer verso está vazada a saudade poética que a memória canta. A fascinação pelo campo, o idílio das águas, a inquietação o sonho, a ternura o desencanto e a luz, toda uma bagagem poética donde sobressai o sentimento saudade... motivo predilecto da poeta. visite-me também em: http://flortriste1943.blogs.sapo.pt/
sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
CHEGA O AMANHECER
Chega o amanhecer
Com sua cor de agasalho
Vai-se o silêncio e a acontecer,
O Mundo volta ao trabalho.
Fica a vida fria
Os sonhos p'lo chão
A fadiga antecipada, dia a dia
Envelhecida ilusão.
Chega o amanhecer
Levanta-se o rosto da almofada
Há o sono pra vencer
E um corpo ao lado que agradava.
Mas o dia espera, aberto ao possível
ou impossível
Lembram-se as preocupações
e a felicidade é pássaro que voa
resiste-se à vida, há vacilações,
num tempo que parece eternidade
gasto à toa,
engendrando a saudade.
Cai a noite, volta a descer,
o dia nasceu e morreu!
Amanhã os pés pisarão
de novo o despertar.
Furtivo prazer
Horas de insónia, mas tempo de
amar.
Tranquilidade se sente,
nostalgia duma feliz idade!
Sentimento agora bem diferente
dum tempo que nos deixou saudade.
natalia nuno
rosafogo
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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
SAUDADE MINHA
O que foi feito de mim?
Que me perdi nas lembranças
Chegando agora ao fim
Tem mesmo de ser assim?
Voltarmos a ser crianças?
Coração saudoso vai sonhando
E as esperanças lá vão morrendo
A saudade o vai ajudando
O sonho o vai guiando
Mas a vida se vai perdendo.
Assim o tempo me agarra
É ele que me leva a vida
Toca meu corpo qual guitarra
Que chora o fado com garra
Desgraça de andar perdida!
Certa lembrança em mim mora
Lembrança que me entristece
Com saudade sempre se chora
E uma lágrima nos olhos aflora
E é o pensamento quem a tece.
Ouço o cantar da ribeira
Dia e noite vai correndo
Hei-de ouvi-la a vida inteira
E se não te tenho à beira
De saudade vou morrendo.
rosafogo
natalia nuno
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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
CANTIGA AO LUAR
(POEMA QUE ESCREVI HÁ BONS ANOS ATRÁS)
20/06/1987
Há fotos de antanho
De mim, de toda a gente
Duma saudade sem tamanho
Duma dor que se sente.
E lá bem no alto
O luar e as estrelas
E no mar sem sobressalto
Avisto barquinhos à vela.
Aqui bem perto a solidão
Sento-me no alto da ribanceira
Deixo sofrer o coração,
de saudade até que Deus queira.
Tempos de amargor
Agora subi ao alto do monte
Matar a sede de amor
Com a água da fresca fonte.
Ó luar que estás tão só!
Pousado no alto da montanha
Desaperta da tristeza o nó
Tristeza que me acompanha.
Ó luar me estende a mão
Diz ao vento que vá embora
Trago nos olhos a solidão
Do amor que perdi outrora.
Olha bem a tempestade,
que vai dentro do meu ser,
Leva contigo a saudade
Que anda em mim a padecer.
rosafogo
natalia nuno
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segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
A FUGA DO TEMPO
Neste dia quanta coisa por dizer
As palavras se repetem
Mas escrevo, escrevo e assim
a morte nada intenta contra mim.
Nos olhos as lágrimas se metem
Como os últimos raios nas vidraças
batendo, batendo como ameaças.
Queria tanto ser uma garça
ou uma narceja!
E num vôo adensar por entre nuvens,
correr mundo
É tudo que meu olhar deseja!
Aproveitar o vigor
Seguir o suspiro do vento
Abandonar-me ao amor
Que ainda no coração acalento.
Trago os olhos húmidos de emoção,
e na noite de repente caída,
uma lágrima rebelde incontida,
de tristeza e confusão.
A fuga do tempo me acompanha
Levo no coração confiança,
deixo-me ir na corrente,
sou como em criança!
Vou sonhando sómente.
rosafogo
natalia nuno
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domingo, 25 de dezembro de 2011
PASSOS NO SILÊNCIO
O silêncio, as estrelas, o odor
dos matagais,
Os meus passos, os meus ais,
os meus versos doloridos.
Um vento leve que areja
nos meus sonhos escondidos.
E um sol que mal chameja
nos meus olhos umedecidos.
Só a palavra me entende.
O amanhã é incerto
Ele me dirá,
quem fui e quem sou!
Me trará, por perto
o coração desfeito, preso ao que sobrou,
aos escombros da razão.
Mas hei-de ter motivos
Não foi tudo em vão!
Hei-de manter os sentidos vivos
E o amor no coração.
E ainda que, as mãos destroçadas
E a fronte demolida
p'la solidão acesa,
avivarei o fogo com palavras entrelaçadas
que aprofundem minha certeza
De que viver vale a pena.
rosafogo
natalia nuno
rosafogo
natalia nuno
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