sábado, 30 de julho de 2011

ALHEIA A TUDO




Hoje sinto-me um cisne triste,
de asas caídas!
A vida é um lenço branco agitado
E os dias feitos de esperanças repetidas.
Faúlhas dum resto incendiado.

Hoje sinto-me um campo
negro, nevado!
A vida é bruma em dia cinzento
E os dias feitos de inferno acrescentado
Fumos levantados no pensamento.

Hoje sinto-me menina perdida
na saudade!
A vida é feita de passos já distantes
Os dias, porta aberta à tempestade
Lírios que morrem em instantes.

Hoje sinto-me um castelo caído
em ruína!
A vida absorta que a ninguém seduz
Os dias magnólias, quando se é menina
São agora flores em forma de cruz.

rosafogo
natalia nuno

sexta-feira, 29 de julho de 2011

ARROUBOS



Insinuam-se nuvens no céu
Nublado o coração se esconde
Triste sem o arroubo teu,
ternura que ficou nem sei por onde!
Na sombra serena
do meu rosto
Rugas se perpetuam
Dando sinais do meu desgosto.

Fica turvo o firmamento
Como seara que ondula ao vento,
acabou o azul esplendoroso
do meio-dia,
deixa meu coração choroso.
Ah...como eu queria!
Rumar de novo à origem
Deter por lá meus passos
Sinto agitar-se minha alma de alegria
Alguém me abre os braços,
meu corpo salta e confia.

Mas já as nuvens no céu se insinuam
Fecho os olhos e meu peito  abriga
Os sonhos que amuam
Talvez nem começados
E já acabados.

rosafogo
natalia nuno

imagem-blog decoupage

quarta-feira, 27 de julho de 2011

SEM QUÊ NEM PORQUÊ



No canavial o sol se deitou
E as estrelas chegaram atrasadas
Até a lua tardou,
Tarda a morte as passadas.
Eu recolhi serena
Como uma folha pequena
Ao vento minha vida embalei
Esqueci a pena,
e como pesa a ameaça
da vida que passa.

O coração sabe
Da sombra que a alma habita
Neste meu verso não cabe
A água dos meus olhos tristes,
nem a minha desdita.
Tão pouco os sonhos meus
que fogem, fogem para nada
Sem lua nem estrelas, sigo desolada.

Sigo arrastando-me
e ninguém me vê
A vida gastando-me
Sem quê nem porquê!

No meu olhar de frio aço
O verde é já desbotado
Na paisagem da alma o cansaço
A cor do desespero é o meu fado.
Suspensa na minha face
Há uma lágrima a rolar
Como se a vida me arrancasse
A última janela, a que ainda quero assomar.

rosafogo
natalia nuno
imagem. blog imagens decoupage

terça-feira, 26 de julho de 2011

OH! SIM RECORDO-TE!



Oh! Sim, recordo-te!
Quando era sempre Primavera
Sinto na minha alma a ausência
Sinto, que meu coração te espera.
Foste fragância dum tempo feliz
Perfume que trazias a hortelã
Eras sonho de mel p'la manhã
Colmeia trazias no peito,
És, ainda agora,
Na memória
um amor perfeito.

Oh! Sim recordo-te
Meu perfume de jasmim
Meu suave palpitar do coração
Hoje é um  deserto meu jardim
Apenas sonho, sonho ou ilusão.
Tu vens até mim,
mas já teu sol não me alumia
Foi-se a Primavera d'algum dia
Mais o sol que a alumiava
Restaran pétalas secas
No coração que a todo o momento
sangrava,
Ao recordar quanto te amava.

Já o sol morreu...
Caminhando segue o coração
pesado.
Já não sei se é meu ou teu
Ou é um sonho sonhado.
Já não sei se sonhei,
ou se é tanto caminho andado.
Olho para trás e não sei,
se foi meu coração que gelou
Ou a  solidão,
que sempre me acompanhou.

19/10/2009
rosafogo
natalia nuno
mudei-lhe apenas o nome

domingo, 24 de julho de 2011

QUERO ESTREITAR-TE



Nos meus braços, quero estreitar-te
Quero persistir nesta loucura
Nunca será demais amar-te
Ter-te cativo nesta ventura.
Aperto-te contra o seio
Não digas nada!
Aperta.-me sem receio.
Antes que chegue a madrugada.

Deixa-me suplicar-te com ardor
Uma carícia ardente
Sobrevivo sem o teu amor
Quero prazer, corre, é urgente!
Quero-te profundamente
O amor nunca foi embora
É água fresca... ainda agora.

A vida é um temporal
Só as palavras me confortam
Deixa-me amar-te,
ainda que pra meu mal.
Estas saudades que me cortam
Num suplício atroz
O tempo tudo tornou frio em nós.

Na minha face estragos a olho nu
Vacilo, tombo p'lo chão
Deixa-me amar-te
Entregar-te meu coração.
Por onde andas tu?
O tempo levou do peito a alegria
Deixou-me em triste inverno
noite fria.

Ingrato amor a quem me dei tanto
Vê  as lágrimas choradas!
Em meus olhos sente o pranto
Em águas diluviais paradas.

rosafogo
natalia nuno