palavras escritas com o coração, em qualquer verso está vazada a saudade poética que a memória canta. A fascinação pelo campo, o idílio das águas, a inquietação o sonho, a ternura o desencanto e a luz, toda uma bagagem poética donde sobressai o sentimento saudade... motivo predilecto da poeta. visite-me também em: http://flortriste1943.blogs.sapo.pt/
sábado, 26 de fevereiro de 2011
O AMOR ACONTECE
Quando o sol amadurece
Não quero nem saber porque morri
Uma tontura nova e doce acontece
E eu esqueço o muito que já vivi.
Volto ao aconchego das palavras
Morrer foi o que de bom senti
Perfumei o corpo que desvabras
E hoje de amor por ti morri.
O Amor é romã que se abre
Ao sol que a amadurece
É um querer bem
Que bem que sabe
Na margem doce de qualquer tarde
É mel que sempre apetece.
É um frémito de saudade.
Perdidos em mar profundo,
tu e eu,
Surdos ao Mundo
Nesse desejo ardente ,meu e teu.
A parede do quarto já sombria
O sol ainda bordejando a janela,
Suspiros de amor que se sacia
Lá fora a vida, nos esquecemos dela.
natalia nuno
rosafogo
imagem retirada do blog-imagens para decoupage
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
ALDEÃO (dedicatória)
Esse laivo de perfume
Que ainda hoje me recorda
Como era teu costume
O lencinho da algibeira
e o cigarro ali à borda.
Como era teu costume
Lá seguias na pedaleira
com pedalada certeira.
E esse laivo de perfume.
O nó da gravata bem feito
Tudo corre claro
no meu espírito...
Recordo esse teu jeito.
Sempre o mesmo assobio na boca,
tua unica vaidade
coisa pouca.
A melancolia estampada no rosto
E uma mão cheia de tristezas
Quando o Sol já era posto
Mais um copo
Te arrancava das profundezas.
Incapazes de te compreender
Indeciso e impotente
Não paravas de beber
Pensando assim ser gente.
Tua arma era o esquecimento
E também o perdão
A inimigos desconhecidos
Que sem coração
Te sugavam o corpo e a alma
Como podias ter calma?
Sempre a conversa queixosa
Acerca das misérias
Curvares-te á vida ruidosa,
custosa...
E ainda fazeres-lhe vénias.
Com a mão na algibeira
E um sorriso de desespero
Seguias na pedaleira
Com sonhos
Destinados à partida
a não ser sonhos
Que raio de Vida!
Mas com uma certa ironia
Tu insistias com a vida
E ela contigo insistia.
És hoje um homem a negro desenhado,
na minha memória
Aqui plantado p'la minha mão
Fazes parte da minha história
Guardo-te no melhor sítio
Que é o meu coração.
Nasci do Povo
Memória de mim.
rosafogo
natalia nuno
imagem retirada do blog
imagens para decoupage.
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
A MENINA DO SONHO
Há uma criança sorridente
Que nos meus sonhos figura
Tem um aspecto diferente
Lê-se-lhe no olhar amargura.
Nos meus sonhos surge,
inesperadamente.
Tráz o passo sereno
Ri ocasionalmente
Quando lhe aceno.
Demasiado juvenil
Demasiado alegre
Às vezes um tanto infantil
Mas sempre meu sonho segue.
Com uma ingénua felicidade
E um aroma agridoce
Imagem de felicidade
E de saudade
Que essa menina me trouxe.
Catraia, humilde, sorriso no rosto
Olhos iluminados
Pontinhos esverdeados
E amarelo forte do sol-pôsto.
Do meu sonho se liberta
Risonha...risonha...risonha!
Deixo-lhe a porta do coração aberta
A menina do meu sonho,
Também ela sonha.
Memória de mim.
rosafogo
natalia nuno
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terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
NUM CANTO DA MEMÓRIA
Lembro que chorei
Chorei desabaladamente,
Longamente...
E à distância soava uma melodia
Ao meu ouvido soava
E ao céu ascendia.
Assim meu sonho partia,
jamais voltava.
Esperei em sonhos,
O que esperava?!
Jamais voltou!
O coração me gelou
Dum gelo quebrado,
Triste e fatigado.
O retrato, não me sai da mente
Acalento a esperança.
Por detrás dos olhos fechados
Vejo-a sorridente
Criança...
Já só lembrança,
de sonhos despreocupados.
Esperei em sonhos
Dei-lhe a mão
E murmurei...
Se de ti não me afastei?!
Te afastaste de mim,
porque razão?
Olha aí!
O caderno de poemas encetados
Não os perdi!
Deixei-os em ti guardados.
Trago meu rosto adormecido
E nunca, nunca sei!
Se me terás esquecido
Nem se já te perdoei.
Estranho não te ter encontrado
Porque te haverei perdido?
Ainda que volte ao passado
Vou esquecer-te, está decidido.
Memória de mim.
natalia nuno
rosafogo
imagem retirada do blog-imagens para
decoupage.
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
PÉGADAS
O passado deixou pégadas
Pégadas que minha alma atapetam
Pégadas bem desenhadas
Que meus sonhos acobertam.
Pégadas que vão refulgindo
Perpétuas na minha mente
O caminho perseguindo
Deste coração que as sente.
Pégadas que o tempo não apaga
Vagabundas na memória
Às vezes se tornam chaga
Duma história já sem história.
Pégadas reconfortantes
Nas noites que se avizinham,
São amantes!
Que me batem, me acarinham
Que dão sentido sem sentido
Fazem meu dia enegrecer
Como se me tivesse perdido
Ou são praga que me faz morrer.
Pégadas que no silêncio recordo
Gritos à sombra da minha vontade
Em que de raiva me mordo
Pégadas que são saudade.
rosafogo
natalia nuno
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domingo, 20 de fevereiro de 2011
DEMASIADO SIMPLES
No olhar meio deserto
Há um oásis de esperança
E um riacho correndo perto.
O rosto o tráz na lembrança.
Abundam risos
e loucas fantasias
E a menina adormecida,
Num mar de insónias e utopias.
Há sonhos ao relento
Num Mundo todo ele certo!
Não há lágrimas, levou-as o vento
Florescem acácias por perto.
Há vozes, há muitas vozes
E no coração há vidas
E os dias correm velozes
Levando restos de ternuras vividas.
Há receios apagados
E cantos novos em chilreio
Há rios nos olhos plantados
Com o verde da terra p'lo meio.
Leva certeza nas mãos cansadas
E o silêncio na boca
E limpa as lágrimas choradas
E lembranças, coisa pouca...
Põe os olhos no caminho
E vê o Sol cansado
No coração, num cantinho
Ainda tráz o Amor guardado.
Sonhos feitos em pedaços
Ninguém sabe ao que vem!
Tráz embrulhados os passos
Quando parte?Não sabe ninguém.
Memória de mim.
natalia nuno
rosafogo
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