palavras escritas com o coração, em qualquer verso está vazada a saudade poética que a memória canta. A fascinação pelo campo, o idílio das águas, a inquietação o sonho, a ternura o desencanto e a luz, toda uma bagagem poética donde sobressai o sentimento saudade... motivo predilecto da poeta. visite-me também em: http://flortriste1943.blogs.sapo.pt/
sábado, 28 de agosto de 2010
ESPANTALHO
ESPANTALHO
Trai-me o tempo
Velha história!
Trai-me o tempo e a memória!
Espantalho! De mim se afugenta a Vida!
Estou num beco sem saída!
Olho à minha volta
Andam nuvens ilusórias
Folhas mirradas voando
E eu espantada, perdida, solta
Histórias inventando.
Na seara, já no fim
Sou espantalho de afugentar
Já fujo também de mim
E para aqui fico, solitária a olhar!?
Chapéu negro, lenço ao pescoço
Vozes de quem?! Só eu ouço!
Casaca de remendos às cores
Garridas a condizer com as flores!
Pregadas com martelo e prego
As flores que tenho ao peito
Entristecidas não nego
Regadas com lágrimas, neste meu jeito.
Onde está o Sol luminoso?
O outro?! O do tempo verdadeiro?!
Ser espantalho é custoso!
Mas assim sou a tempo inteiro.
natalia nuno
rosafogo
Este poema foi escolhido pela Camara de Coimbra, a fim de figurar num folheto informativo dum evento
sobre uma Exposição de Espantalhos a efectuar em Outubro próximo. Fiquei feliz pela escolha.
terça-feira, 24 de agosto de 2010
NO FUNDO DO TEMPO
NO FUNDO DO TEMPO
Meus poemas são música que ninguém tocou
São débeis sóis de esperança de criança curiosa
São pedrinhas atiradas ao charco que a ninguém molhou
Porque me queixo eu? De que estou ansiosa?!
Tivesse eu outra forma de criação?!
Bailarina talvez, exprimindo-me por gestos
Mas a poesia é o meu mundo o meu chão
Meus poemas são gritos, são manifestos.
Sentimentos, lamentos e esperanças, neste chão verde
A mão que dou, a palavra que deixo o que recebo e me afaga
São água fresca onde mato a minha sede,
Uma força maior que ninguém silencia, nem apaga.
Estão prenhes de utopia por isso me chamam louca
Um dia virá, eles serão o grito, a força da minha voz já rouca.
Calo-me agora, quando o fim está p'ra chegar
Não resta nada, trago os dias cansados
E o medo espreita no fundo do meu olhar.
Cerro memórias que são já frutos frutificados.
Falei do passado acreditei no presente
O futuro calarei, fátuo fogo em que me apago
A vida não passou dum jogo, correu apressadamente
É bola de fogo, alegria efémera é dor que trago.
Meus poemas, são minha existência a escurecer
Numa solidão onde mais nada há a dizer.
Fico tolhida no fundo do tempo a esquecer
Quanto tempo a Vida me tira, sem eu o querer.
rosafogo
natalia nuno