palavras escritas com o coração, em qualquer verso está vazada a saudade poética que a memória canta. A fascinação pelo campo, o idílio das águas, a inquietação o sonho, a ternura o desencanto e a luz, toda uma bagagem poética donde sobressai o sentimento saudade... motivo predilecto da poeta. visite-me também em: http://flortriste1943.blogs.sapo.pt/
quinta-feira, 17 de junho de 2010
REGRESSO SEMPRE AO POEMA
Regresso sempre ao poema
As palavras vão nascendo sem destino
Companheiras constantes na noite que dura
Saem prodigiosamente da minha boca e são mimo
Que semeio e colho com ternura.
Irradiam luz, são claras como água!
Ajustam-se às alegrias e às tristezas
Dizem não haver só felicidade, também mágoa
Acompanham-me nos dias felizes e nos de incertezas.
De insónias e do silêncio são surgidas
Da erosão da memória, que já se aquieta
Do santuário do meu íntimo saem polidas
Palavras mágicas sonham poesia e o poema é meta.
Nelas já não ouço a toada do meu canto,
Nem vejo a alegria do meu olhar
Ao rio feito saudade entregaram meu pranto?!
Às montanhas o eco do meu grito, foram levar?!
Misteriosa pandora que trago comigo
Obsessão que teima em não desarredar e me alucina
Caixinha pronta a guardar o tempo que é meu inimigo
Também a coragem, sem coragem que é minha sina.
Regresso sempre ao poema, como se fosse meu cais
Aqui neste lugar de parir poesia na despedida
Já ouço os trovões, mas apesar dos temporais?!
Farei com que o barco, volte sempre ao ponto de partida!
natalia nuno
rosafogo
terça-feira, 15 de junho de 2010
SAUDADE DE MIM
SAUDADE DE MIM
Não sei que fiz da alegria
Que me deixou nesta solidão
Ah, se soubesse a procuraria!?
A agarraria com minha mão
P'ra que ficasse em mim noite e dia.
Mas de nada serviria!?
Sou triste por natureza
E se a vida é tão sombria!?
P'ra que nasce o sol com beleza?
Se também morre todo o dia.
Minto, engano o coração
Digo que é manhã e já anoitece
Digo que não quero morrer em vão.
Mas já o tempo a teia tece
Levando meu dia p'ra escuridão.
Esta alegria que deixei perdida
No deserto é já só uma miragem
Não consegui dar-lhe guarida
Levou com ela toda a minha coragem
E hoje sou flor ressequida.
Hão-de vir dias novos eu sei
Campos de flores e azul no céu
Na busca da alegria perdida, irei
E de tudo o mais que a vida não me deu
E um dia, simplesmente morrerei.
Quero lembrar o azul do céu ao meio-dia
Quero a vida saudar, esquecer a idade
Esquecer que perdi a alegria
Viver de esperança, levar saudade
De mim, de tudo que em mim havia.
natalia nuno
rosafogo
segunda-feira, 14 de junho de 2010
BAILAM-ME AS PALAVRAS
Bailam-me palavras na mente
Bailam como que embriagadas
São como água que corre contente
Fluída e fresca nas madrugadas.
E assim, por aí as vou deixando
Sigo confiante!
A tristeza elas me vão quebrando
À felicidade de tê-las, nada é semelhante.
Minhas palavras não têm fronteiras
São torrente de rio caudaloso
São meu grito, minhas companheiras
Tristes, ou alegres do meu eu saudoso.
Não calam a emoção
Deste meu pensamento livre
Nas asas trazem a ilusão
Da andorinha que em mim vive.
Minhas palavras saem em procissão
Vêm em andores de alegria ou tristeza
Palavras que me dão a mão
Têm aroma de rosmaninho, dele a beleza
Rezo-as na ermida
São labaredas da candeia acesa
Da infância perdida.
Saem do coração delirantes
Diamantes por lapidar
Às vezes gritantes
Com desejo de rimar
Trazem a raiva
O amor,a força e a serenidade
Não querem que ninguém saiba
Que estou morrendo de saudade.
natalia nuno
rosafogo
NA MOLDURA DO SOL POSTO
Põe-se o sol mas não é noite ainda
A tarde vai levando o dia pela mão
Vaidosa se vestiu de dourado, linda!
Deixou meu olhar lembrando com emoção.
Nos derradeiros momentos deste olhar
Que sorveu tanta luz, o tempo parar.
Na moldura do sol posto
Lembrar, um sonho chamado infãncia
Os traços do rosto,
Agora esbatidos na distãncia
Ainda o verde terra nos olhos surgindo
E raios de Sol ainda a espreitar.
Na noite que vem vindo?!
Um sonho, um outro ainda sonhar.
Aconchegar-me às estrelas
Empoleirar-me em segredo,
na noite escura.
De palavras singelas,
o sonho afrontar de alma pura.
Rever-me ainda nesta moldura.
Porque o coração jamais olvida!?
Que a meninice meu olhar guarde.
Para que não seja esquecida,
Os dez réis de gente.
Estrela perdida.
E a recorde sempre
No encanto d'outra tarde.
natalia nuno
rosafogo
Dez réis de gente, me chamava com ternura minha
avó.
Todas as fotografias postas são tiradas por mim nas minhas viagens.
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