palavras escritas com o coração, em qualquer verso está vazada a saudade poética que a memória canta. A fascinação pelo campo, o idílio das águas, a inquietação o sonho, a ternura o desencanto e a luz, toda uma bagagem poética donde sobressai o sentimento saudade... motivo predilecto da poeta. visite-me também em: http://flortriste1943.blogs.sapo.pt/
quarta-feira, 26 de maio de 2010
SONDEI MEU CORAÇÃO
SONDEI meu CORAÇÃO
Sondei meu coração
Tentando reanimá-lo
Sabendo de antemão
Não iria consertá-lo.
Às vezes sou navio desfeito
Por um mar sem piedade
Mas, o que está feito, está feito!
O resto, faz-se agora de saudade.
A vida não tem sentido
Me leva a pouco e pouco
Trago o significado perdido
O tempo passa por mim como louco.
Meus ombros andam abatidos
No tempo sou já sobejo
Meus olhos p'lo tempo vencidos
Para tras sonho e desejo.
Os pensamentos vazios
Poemas que são nostalgia
Esperanças atadas com fios
Brinca comigo a vida com ironia.
Este tempo corre por mim
E eu chama trémula de vela
Já me leva a mágoa sem fim
Ou sou eu companheira dela?
natalia nuno
rosafogo
SAUDADE
Lembro-te entre loureiro e rosas
Olho o Sol que ao longe se escusa
Falo-te amigo das coisas saudosas
Penso-as na fonte enchendo a enfusa.
E com a fronte a escorrer àgua
Nos fios do coração presa a amizade
Não deixo de te contar minha mágoa
Por estares longe e eu ter saudade.
Deixa que se solte este meu grito
Cante meu coração onde a alegria mora
Aí à distância não te quero aflito
Que a saudade a gente mata na hora.
Na nossa aldeia floresce a amendoeira
E as giestas de amarelo floriram
E quer o tempo queira ou não queira
Lembraremos todos aqueles que partiram.
Dentro de nós o coração a pulsar
Às vezes é a dor que nele chora
Mas nada, nem ninguém pode atrasar
A hora de matar saudade que em nós mora.
E ainda que haja pó pelo caminho
Chegaremos lá bem pela tardinha
Abraçaremos os amigos com carinho
Já atravesso a ponte, pressa a minha.
natalia nuno
rosafogo
PERDI AS HORAS
PERDI AS HORAS
Hoje sinto-me um peixe fora d'àgua
Longe está o que para trás deixei
Deito um pé ao passado e com mágoa
Choro as papoilas com que brinquei.
Tão quase nada, tanta singeleza
Às portas do meu olhar, meu chão
Tudo igual...um rastro de pobreza,
No Céu habita a mesma constelação.
Vejo voar minhas primaveras, anoitece!?
Já são horas, ao longe ficou o meu berço
Embaciou o caminho, nem sei se amanhece
Ponho um pé no presente, faço-me à estrada
Levo na mão os sonhos de menina e o terço
E sigo meu caminho sem luz, desencantada.
natalia nuno
rosafogo
segunda-feira, 24 de maio de 2010
TRAGO UM RIO DENTRO DE MIM
TRAGO UM RIO DENTRO DE MIM
Trago um rio dentro de mim
Vem de longe, faz tempo este rio
Trago um sonho danado sem fim
E vou recordando para esquecer o vazio.
Trago um rio dentro de mim
E o caudal é a saudade
Brota nos meus olhos sem fim
E é sonho entrelaçado com a realidade
Trago as mãos cheias de nada
E meu coração palpitante
Desfolho palavras desinteressada
Que são pégadas numa areia distante.
Trago a vida transmudada,
De alegrias em tristezas,poesia fora de moda
Assim sigo ignorada, desta terra despegada
Perdida num vento que me tráz à roda.
Poesia amarga a minha mas sentida
Com o perfume campestre, selvagem,
que é meu predilecto, cheiro de rosa atrevida
espalhado pela aragem.
Desenterro recordações, nevoentas
Que são de todo o tempo por mim achadas
Junto as pontas da vida, já poeirentas
E escrevo, escrevo, sobre pequenos nadas.
natalia nuno
rosafogo